A minha carta
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screvi uma carta
sem saber o que queria escrever mas escrevi-a com uma intenção (quero escrever)
sem justificação prévia. Escrevi, suprimi e voltei a escrever de novo, a mesma
carta estava sem título, sem organização, nem direcção tinha. A minha carta
queria dizer algo mas não disse-o apenas tinha letras, conjuntos de palavras
com frases distorcidas. Pensei em respeitar as regras ortográficas observando
igualmente os preceitos literais; nada disso aconteceu. Pensei, levantei-me sem
saber o que fazer estava confuso comigo mesmo e com o teor da minha carta. Lembrei-me
dos sofistas que ensinavam de cidade em cidade na antiga Grécia tentando
persuadir o povo com suas teorias ilusionarias, mas não os procurei,
entretanto, chamei o Sócrates para ver o que escrevi, rejeitou-me sem pilha de
palavras, voltei-me ao lado oposto da cidade encontrei outro filosofo o Platão,
este esquivou-se de lado nem se quer parou para ver ou ouvir-me. Oh…suspirei de
tão cansado que eu estava, curvei-me à terra sentei-me com as cabeças entre os
joelhos. Chorava porque fui rejeitado pelos Grandes pensadores, um outro
(discípulo do Platão) me viu ao passar veio até a mim segurou-me pela mão
perguntou-me com toda atenção porque chorava. Eu, simplesmente lhe respondi: ‘’escrevi
uma carta pedi aos dois grandes sábios e pensadores que me mostrassem como
escrever corretamente e eles me rejeitaram nem palavras me dirigiram.’’ Aristóteles
me disse: ‘’a importância do saber não se
encontra no que vimos e em que vimos, encontra-se naquilo que afincamos
(desejamos), pois o saber é relativo ninguém detém toda a verdade do mundo.’’
De facto, a
minha carta não respeitava os padrões da literatura muito menos da ortografia
mas tinha algo de importante que nem eu percebia ou via. A minha carta tinha um
objectivo o único, um recado a mim mesmo pois só depois de revê-la de novo
entendi que ‘’na vida tudo aprende-se
mesmo com o saber em mente, o homem não é nada senão o fruto duma aprendizagem humilde
reconhecendo que nada pode ou sabe se não depender do nada.’’
Simplesmente, Valdir
da Silva